Precursora do ‘metal fofo’, BABYMETAL dará um nó na sua cabeça
Saiba mais sobre a banda japonesa que se apresenta no Brasil em breve
Por Alexei Martchenko
Um belo dia, no meio da pandemia, resolvi pesquisar bandas formadas por mulheres. Sem querer, abri mais do que uma Caixa de Pandora — descobri um universo fascinante que a imprensa apelidou de kawaii metal (“metal fofo”, em japonês). Isso é apenas a ponta do iceberg, e o Japão é a porta de entrada. Uma das maiores representantes desse movimento é a BABYMETAL, que fará sua estreia no Brasil no Knotfest (dia 20 de outubro, no Allianz Parque), e no dia seguinte (21), com um show solo no Audio Club.
Descrever o som da banda em poucas palavras é impossível. É algo que você precisa ver, ouvir, processar e, depois, refletir. A BABYMETAL é única, sem precedentes, rica e bizarra, desafia todas as definições. É, de fato, indescritível. Criada em 2010, como parte do grupo adolescente Sakura Gakuin, formado pela empresa Amuse, era composta por Suzuka Nakamoto, Yui Mizuno e Moa Kikuchi, todas com idades entre 11 e 12 anos. Elas estrearam no Tokyo Idol Festival de 2011 com a música Doki Doki Morning.
Essas jovens, com um gosto musical peculiar, criaram o primeiro kawaii metal do planeta. A fusão do fofo com o pesado é evidente em suas músicas. Hedobangya é um clássico que ainda toca hoje, enquanto Catch Me If You Can leva essa mistura ao extremo, fundindo um som pesado com uma temática infantil. Na versão de estúdio, começa com sons de passos e uma porta abrindo — a Yui era tão jovem na época da gravação que realmente tinha medo dessa introdução! Outra faixa, Megitsune, traz elementos da cultura tradicional japonesa, e o clipe, muito bem produzido, inclui até uma cena real em que elas escorregam, algo que resolveram manter.
A trajetória do grupo é sempre cercada de histórias. Cada integrante foi “batizada” aos 15 anos com eventos e músicas especiais. Por exemplo, Love Machine foi a canção de aniversário de Moa.
A BABYMETAL pode ser dividida em três fases, correspondentes a seus primeiros três álbuns. O primeiro, BABYMETAL (2014), corresponde à época mais infantil, fortemente kawaii metal, com shows temáticos envolvendo caixões e uma pegada mais teatral. Com METAL RESISTANCE (2016), a banda entra em uma fase adolescente, marcada por músicas como Yava! e Awadama Fever. Entre 2014 e 2017, o grupo viveu seus anos dourados: dois álbuns de sucesso, turnês mundiais e a adição da Kami-Band, banda de suporte que elevou ainda mais o som ao vivo.
No entanto, a saída repentina de Yui Mizuno, às vésperas de um grande show em Hiroshima, abalou o grupo. Moa contou em uma entrevista que até o último minuto não sabiam se o show aconteceria. Apesar disso, seguiram em frente como uma dupla por um tempo. Logo depois, Mikio Fujioka, guitarrista da Kami-Band, faleceu, marcando um período difícil.
A fase quase-adulta começou com METAL GALAXY (2019), um álbum que trouxe uma mistura de estilos globais, mas que, na opinião de muitos fãs, tem poucas músicas marcantes. Dentre as que se destacam estão Kagerou, Da Da Dance e PAPAYA, uma fusão com o rapper F.HERO que ainda agita os shows.
Atualmente, a BABYMETAL é uma versão adulta de si mesma, com um novo trio (Momoko Okazaki entrou no lugar de Yui) e a Kami-Band, que, apesar de não ser mais a original, mantém a essência ao vivo. O quarto álbum, The Other One (2023), foi recebido com críticas mistas, sendo considerado por alguns como sem graça. Porém, foi lançado após um longo hiato, durante o qual o idealizador da banda, Key Kobayashi, afirmara que o projeto estava “selado”.
Uma das últimas novidades foi METALI!!, uma parceria com Tom Morello que trouxe uma boa energia ao show ao vivo. Em 2023, assisti a três shows delas, em Detroit, Grand Rapids e Chicago, pouco depois do lançamento da música. Outra colaboração recente foi com a banda alemã Electric Callboy, na divertida RATATATA, cujo clipe mostra a alegria e dedicação das integrantes.