Músicas de amor George Harrison e Pattie Boyd. Foto: Reprodução

7 músicas de amor com histórias incríveis

Jota Wagner
Por Jota Wagner

De Beatles a Mac Miller e Ariana Grande

O amor, sentimento tão cristalino quanto indefinível, precisa de muito mais do que uma sequência de palavras para ser expressado. Quando o coração está pulsando na garganta, ou (se partido) nos faz chorar até pelos poros, a coisa complica mais ainda. Para isso, existem os poetas e os músicos. Hora de acrescentar metáforas, intensidades, avultamentos e desesperadas descrições do processo de deliciosa confusão pela qual todos passam, quando o cupido espeta sua flecha.

Não é nem um pouco surpreendente que, dentre as mais incríveis músicas já compostas pelos nossos ídolos, muitas delas se dedicam à nobre missão de descrever o amor. Para isso, foi preciso estar apaixonado, e de verdade. Algumas histórias por trás dessas composições são tão belas, supreendentes, e algumas vezes trágicas, quanto as próprias canções que foram concebidas em sua homenagem.

Veja abaixo sete incríveis histórias por trás de sete grandes músicas de amor.

The Beatles – Something

Considerada por Frank Sinatra a mais bela canção jamais escrita, a balada Something está no top 10 de qualquer fã dos Beatles, e não seria ousado dizer, de qualquer fã de música. A composição tem versos como “algo na forma como ela se move me atrai como nenhuma outra amante. Algo na forma como ela me perturba”.

Pattie Boyd, esposa que George Harrison conheceu em 1964, durante as filmagens de A Hard Day’s Night, conta em sua biografia que estava na cozinha quando o músico apareceu e a cantou para ela pela primeira vez, contando que a música era em sua homenagem. Bem, histórias de amor nunca vêm sem estar acompanhadas de um belo drama. A partir de 1973, Boyd acabou se envolvendo com o guitarrista Ronnie Wood (das bandas Faces e Rolling Stones), pulada de cerca que resultou no divórcio dos dois. A partir daí, Harrison passou a dizer que a música, na verdade “havia sido composta para Krishna”. Sei.

Derek and The Dominos – Layla

Provando que a talaricagem era o novo preto na década de 70, Pattie Boyd foi a inspiração não só para Harrison, mas também para o amigo Eric Clapton. O guitarrista compôs, ainda que indiretamente, Layla para a musa, com quem também namorou e casou. A letra da música, na verdade, foi inspirada em um poema árabe do século VII, chamado Layla e Majnun. Mais tarde, Clapton contou à esposa que, quando compôs a música em 1970, estava mesmo era pensando nela. Na época, o guitarrista era amigo íntimo de Harrison, colando na casa dos dois frequentemente.

No entanto, a vida é bela para quem tem a mente aberta. Quando Clapton e Boyd se casaram, em 1979, Harrison foi à cerimônia, acompanhado de Paul McCartney e Ringo Starr.

Nick Cave – Black Hair

Imagine um relacionamento explosivo, intenso e curto, mas que faz com que um artista siga compondo músicas em sua homenagem dez anos após o pé na bunda. Foi assim o lance entre Nick Cave e PJ Harvey. Durante a profunda paixão que sentiu por sua moreninha, Cave não economizou na adoração à sua amada. Em Black Hair, uma das músicas que dedicou a ela, escreveu que “seus cabelos são negros como o mais profundo dos oceanos”.

Abusando forte no uso de drogas e “tendo problemas com a monogamia”, Cave contou que foi avisado de que a relação havia acabado através de uma ligação de Harvey, enquanto ele estava “com uma bela e jovem cantora, sentando em uma sala ensolarada”. Não houve verso bonito que a fizesse mudar de ideia, mas a adoração do homem, pública e intensa, seguiu. Em seu álbum seguinte ao rompimento, The Boatman’s Call (1997), dedicou duas canções à ex, West Country Girl e Green Eyes. Em 2008, mais de dez anos depois, voltou a escrever uma música para ela, chamada More News From Nowhere.

Leonard Cohen – So Long, Marianne

O que pode ser mais romântico e apaixonante do que conhecer Leonard Cohen? Marianne Jensen responde: encontrá-lo na ilha grega de Hydra, na mítica década de 60, lugar onde ela se refugiou para curar as mágoas de um abandono pelo ex-marido. Marianne marcou a ferro o coração de Cohen de tal forma que, mais de meio século depois da louca paixão, recebeu (três meses antes de sua morte) uma nova carta de amor e agradecimento do cantor e poeta, em 2016.

So Long, Marianne foi lançada em 1967 e é considera uma das mais belas canções de Leonard Cohen. “Todas as suas cartas dizem que você está ao meu lado agora. Então por que me sinto sozinho?”, são apenas dois dos muitos versos sensacionais da canção.

John Legend – All Of Me

Hora de dar uma pausa em temas sobre corações partidos e falar de uma relação que dura até hoje. John Legend escreveu All Of Me para Chrissy Teigen, então sua noiva, em 2013. A homenagem bateu forte e os dois se casaram logo depois. Na canção, Legend canta sobre o amor pelas “imperfeitas perfeições” da amada. O cantor conheceu Teigen nos sets de filmagem de seu videoclipe para a música Stereo, de 2007. A partir de então, foi só love.

John e Chrissy seguem firmes e são considerados um “casal encantado” pela mídia estadunidense. Atualmente, eles têm quatro filhos.

The Kooks – Ooh La

Luke Pritchard caiu de quatro pela colega de escola Kate Melua, logo que a conheceu. Os dois namoraram por pouco tempo, mas foi o suficiente para que o rapaz compusesse não só uma, mas metade das músicas do álbum de estreia do The Kooks, Inside In/Inside Out, de 2006. Ooh La é uma delas.

Melua seguiu em frente, tanto na carreira como cantora, como na vida sentimental. Casou-se em 2012 com o esportista James Toseland, com quem segue até hoje. Mas Pritchard deve ser grato à musa, já que foi responsável pela inspiração do álbum que lançou o The Kooks ao estrelato.

Mac Miller – Cinderella

O rapper americano Mac Miller teve uma história trágica e uma carreira curta. Antes de falecer por overdose em 2018, porém, teve tempo de viver um grande e intenso amor por Ariana Grande. Seu quarto disco, belamente intitulado The Divine Feminine, foi composto e gravado em um momento em que o cantor estava imensamente apaixonado por sua musa.

Congratulations, a música de abertura, tem vocais não creditados de Grande, e dá uma bela prévia de que o amor estava mesmo inspirando o rapaz. A mídia musical estadunidense chegou a divulgar que todo o álbum teria sido dedicado à sua grande paixão, mas a própria Ariana desmentiu. “Mas Cinderella, sim, essa é para mim”, contou.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.