30 discos da eletrônica nacional históricos que você precisa conhecer

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Por Padrão do site

Uma grande falha no HD que vem embutido em nós, brasileiros, é que ele sofre de falta de memória. Por isso, o Music Non Stop resolveu convidar o DJ Mimi, um veterano da house music que há muitos anos trabalha vendendo bolachas pra fazer uma lista dos 30 discos nacionais mais importantes nos quesitos conteúdo musical, capa e importância histórica.

Ele começou a lista nos anos 70, quando o que mais rolavam eram as compilações de boates e programas de rádio. Aliás, o forte na indústria de discos nacionais pensados para as pistas de dança sempre foram as compilações mesmo.

Eis aqui a lista completa dos melhores discos da eletrônica nacional, garimpada pelo DJ Mimi.

 

1 – Excelsior, A Máquina do Som, Volume 5

Vários artistas (Som Livre – 1976)

Poderia fazer uma matéria só com discos da rádio Excelsior. Produzidos pela primeira DJ mulher do brasil, Sonia Abreu, é bem difícil escolher apenas um dentre tantos bacanas. O destaque deste fica por conta dos vários hits essênciais da disco, sem contar as capas que eram absurdas.

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2 – Discoteca Papagaio

Vários artistas (Som Livre – 1978)

Outro da “casa” da DJ Sonia Abreu. Obrigatório em qualquer baile de garagem que se prezasse. Silver Convention, Giorgio, Michael Zager BandRose Royce fazem deste um disco essencial.

 

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3 – Papagaio Disco Club – Volume 2

Vários artistas (Som Livre 1978)

O volume dois da compilação da discoteca Papagaio Disco Club foi mixado pelo DJ Ricardo Lamounier, um pioneiro em terras brasileiras na arte das mixagens. Vale muito a audição e a pesquisa a respeito desse DJ, aliás. E a capa é perfeita, mostrando dancinhas e ditando a moda da época.

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4 – Dancin’ Days – trilha sonora nacional da novela

Vários artistas (Som Livre – 1978)

A maravilhosa capa deste disco, assim como as músicas, mostram o quão influente a disco music foi pra esta geração que viveu intensamente a década de 70. Meias de lurex, calças boca de sino e muito discofunksoul cantados por artistas nacionais como Lady Zu, Frenéticas, Rita LeeRonaldo Resedá em rede nacional.

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5 – Cash Box – O Som Acima do Normal – volume 2

Vários artistas (atlas 1983)

Inspirado pela revista de mesmo nome, a Cash Box foi uma equipe de som carioca de muito sucesso nas décadas de 70/80 e que muito colaborou para a disseminação do funk soul, miami bass e electro. A linda capa que parece ter sido feita a lápis leva no meio o coelhinho sampleado, com headphone e boquinha aberta que eram símbolos da equipe.

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6 – Furacão 2000

Vários artistas (Opus/Columbia – 1984)

Outra equipe de som seminal para a disseminação do electro e do miami bass. A capa mostra o paredão de caixas JBL, que até hoje é marca registrada dos bailes funk. Eddie “D”, End GamesT Sky Valley fazem desse disco uma pérola.

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7 – Mister Sam

Vários artistas (Young – 1984)

Mister Sam foi DJ na década de 70 na discoteca paulistana Aquarius. Produtor de Black Juniors, Gretchen, Dominó e outros vários, além de comerciais e jingles “chicletes” que grudavam na sua cabeça (como o da “Levi’s é no Centro, na Jeans, Jeans Tarka!). Possui em sua discografia várias compilações com versões exclusivas e medleys que rolavam nos seus programas de rádio e nas suas noites. Essa é apenas uma delas.

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8 – Dance-mix

Vários artistas (CBS -1985)

Está aqui o registro bem-sucedido dos pioneiros guerreiros que se aventuravam em fazer os remixes no Brasil em meados dos anos 80. As ferramentas eram um deck de rolo (nem sempre profissional), gilete, régua de edição, splicing tape, um lápis dermatográfico, mil idéias e muita paciência. Computador e mouse, “contrl c/contrl v, fade in/out, beat repeat” eram um sonho caro e muito distante. Pesquise a respeito da façanha, ouça, e reverencie os reis Julinho Mazzei, Grego, Iraí Campos, Sylvio Müller e Cabello. Os remixes vão de artistas mais pop, como o RPM (que os DJs ajudaram a bombar) e o Metrô, até a MPB (Fagner!!) e boy bands como Dominó, tudo em ritmo de dance music. Aula de história nível avançado.

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9 – Toco House Hits 

Vários artistas (WEA – 1989)

Disco da então “danceteria” que fez história na Zona Leste paulistana. A capa traz um leve indício do quão era mágico e suntuoso era estar ali. O tracklist, que é um misto de house, synthpop, industrial e miami bass, chegava a ser visionário. Obrigatório.

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10 – Gabinete Calighari aka DJ Cuca e DJ Ricardo Medrano

Pump Up the Bass (Stiletto – 1989)

Gabinete Calighari eram os DJs Cuca e Ricardo Medrano botando as mangas de fora na produção de dance music brazuca. E eles eram muito bons nos samples, cuts e scratches. E o que não podia faltar era o selo Stiletto, que tanto contribuiu para a cena de hip hop, dance e de som alternativo nos anos 80 no Brasil.

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11 – House Remix internacional

Vários artistas (WEA – 1989)

Dez entre dez DJs de bailinhos de garagem e bailes de escolas tinham este disco lançado no final dos anos 80. Com seis hits certeiros, era impossível errar. Tendo somente três faixas por lado, trata-se de um material nobre para DJs, pela qualidade do áudio – algo um tanto raro nos vinis prensados no Brasil.

 

12 – DJ Iraí Campos & O Som das Pistas 2

Vários artistas (RCA – 1990)

DJ, empresário e um dos primeiros remixers brasileiros, Iraí Campos é o responsável pela série “DJ Iraí Campos & O Som das Pistas”. Os remixes e megamixes apresentados nas compilações foram produzidos no seu estúdio, o Fieldzz. As capas enchiam os olhos de qualquer garoto que via alí o sonho de pilotar um par de toca-discos e um mixer profissional. Snap, Black Box, Mr. Lee, P.W.E.I. e um megamix absurdo fez muito feliz quem tinha este disco na mão.

 

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13 – Que Fim Levou Robin?

Aqui Não Tem Chanel (WEA – 1991)

Início dos anos 90 e o Que Fim Levou Robin? surge com Aqui Não Tem Chanel para mostrar o princípio da house music brazuca. Quem eram? Os DJs Mauro Borges e Renato Lopes, a dona de boate Bebete Indarte, o promoter Eloy W., a dançarina Ultra Claudia e o produtor Dudu Marote. Histórico.

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14 – The Best DJs in Town

Vários artistas (WEA – 1991)

Euro house, hip house, ítalo dance e atitude hip hop invadiam as pistas. Com o aval do DMC Brasil, este disco foi compilado pelos DJs Cuca, Sylvio Müller, Grego, Ricardo Guedes, Celsinho e Waltinho (no início de cada faixa ouve-se uma vinheta citando o nome de cada um deles). E de quebra, na contra-capa , os DJs ainda parodiaram a foto histórica dos Beatles em Abbey Road. Um clássico.

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15 – Nova FM Record Remixes

Vários artistas (Bullet – 1991)

Impossível falar em cena dance em São Paulo sem ter como referência a rádio Nova FM Record. Esta primeira compilação da única radio dance de São Paulo (como era chamada) foi compilada e remixada por Ricardo Guedes e Sylvio Müller. O lado A dava enfoque ao que chamávamos de cool por aqui, e o lado B, focava no ragga, que era novo e forte na programação da rádio. A Nova FM Record era um sonho se tornando realidade.

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16 – Nova FM Presents Nova Dance featuring XL Recordings

Vários artistas (Paradoxx Music – 1993)

Com toda a programação voltada para a dance music, a Nova FM Record deu abertura também pro lado alternativo da coisa e então surge o programa Nova Dance. Compilado pelos DJs Renato Lopes e Filippo Crosso, o LP traz Liquid, Jonny L, Dome Patrol e The Prodigy, pérolas do selo europeu XL. A linda capa lisérgica foi desenhada pelo designer Jorge Morábito.

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17 – Sound Factory – The Best Party in SP 2

Vários artistas (Paradoxx Music – 1995)

Responsável por disseminar a dance music alternativa na Zona Leste da capital paulista paulista, e que depois teve outra filial na Zona Sul, a Sound Factory lançou duas compilações. Marmion-schonerberg, que foi hit no club, integra a compilação. A vinheta “The best party in São Paulo” (que não faz parte do tracklist, uma pena) ecoa fácil na cabeça de quem viveu a época.

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18 – Mau Mau Alive

Vários artistas (Fieldzz Discos-1995)

Compilado pelo DJ Mau Mau e lançada pela Fieldzz Discos, o disco traz house e techno que rolavam nas pistas alternativas: Daft Punk, Ian Pooley, Marmion, DJ Tonka, Gypsy, Slam, dentre tantos outros, além de duas de das primeiras produções do próprio Mau. Vale muito a procura.

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19 – Amp MTV 2

Vários artistas (Epic/Muquifo Records – 2003)

Compilado por Dudu Marote e a produtora do programa AMP da MTV, Erika Brandão, o disco é um catado da efervescente cena “do it yourself” e dos home studios que cresceu no Brasil no começo dos anos 2000.

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20 – Nego Moçambique

Nego moçambique (Segundo Mundo – 2005)

Pense em música eletrônica misturada com ritmos brasileiros, miami bass, funk music, samples inesperados e coreografias absurdas. Nego Moçambique é único e essencial na discoteca de quem quer conhecer a história e a cara da música eletrônica brasileira. E a arte da capa integra toda esta miscigenação. Perfeito.

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21 – José Roberto Mahr

DJ Collection- Techno & trance (Polygram-1994)

A edição da série DJ Collection direcionado a techno e trance foi (muito bem) compilada pelo DJ carioca José Roberto Mahr. O tracklist absurdo, com Orbital, Björk, Jaydee, CJ Bolland, Golden Gilrs e outras coisas mais, não seria surpresa pra um DJ que foi residente da histórica Dr. Smith e responsável pelo programa de rádio Novas Tendências.

Habitants Front Habitants Back

22 – Habitants

Habitants (Cri du chat – 1995)

Techno lisérgico, maduro, alterantivo, de gente grande, o Habitants era Renato Malim e Sergio Carvalho. Vale lembrar que estamos em 1995 e live de música eletrônica em terras brasileiras era pra muito poucos. E o Habitants estava entre estes. Lançado por um dos selos que mais contribuíram para o cenário de música eletrônica alternativa no brasil, o Cri du chat, dirigido pelo também DJ Enéas Neto.

Hells Front Hells Back

23 – Hell’s Club mixed by DJ Mau Mau

(Fieldzz Discos – 1996)

Tudo o que se possa dizer a respeito de festas “após o horário” convencional no Brasil começou no Hell’s Club. Secret Cinema, Sapiano, Laurent Garnier, Ian Pooley e tantos outros fazem parte da coletânea em que o DJ Mau Mau registrou o que rolava no porão do Columbia após as 5h da manhã de domingo. Está aqui o registro de uma cena techno sólida. A capa do disco é o símbolo que está fixado na mente, no corpo, nos cases e paredes da “nação” que viveu isso tudo.

Juliao Front Juliao Back

24 – Deejay Julião

The Essential Trip (Paradoxx Music-1996)

A viagem essencial do DJ Julião é uma amostra do quanto o ele contribuiu e teve papel fundamental na introdução da house e do techno na noite paulistana. Green Velvet, Sneak, DJ Deeon, Spookie Waxhead deixam isso claro no tracklist. Essencial.

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25 – M4J 

Brazil – Electronic Experience (Matraca/Trama – 1998)

Formado por Mau Mau, Manuel Vanni, Marcel FK e Franco Junior, o M4J mostrou a inserção dos ritmos regionais brasileiros na música eletrônica. Foi muito bacana ver e ouvir maracatú, capoeira, embolada, forró e batucadas inseridas no 4×4 da música eletrônica, embalando uma pista de dança. Combinação de ousadia, criatividade e a cara pra bater. Vale a pesquisa e o garimpo atrás dos singles em 12 polegadas.

Marky Front Marky Back

26 – DJ Marky Mark

Workin’ The Mix (Paradoxx – 1999)

Virada do século e o nosso Marky “Mark” (isso mesmo, era assim que ele ainda assinava) vem com essa pedrada. E a cena drum’n’bass estava estabelecida aqui no Brasil, bem como mostram as fotos do encarte do disco, tanto aqui quanto na gringa (Reino Unido). Era a trilha sonora que transportava qualquer um para as disputadíssimas noites de quinta-feira do clubinho do coração de São Paulo, o Lov.e.

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27 – XRS Land

Sarau (Sambaloco Records/Trama – 1999)

O professor Pardal da Vila Alpina, como é conhecido nas internas, não tem esse apelido à toda. É um gênio da produção e fez deste um dos melhores discos autorais da música eletrônica nacional. Imperdível.

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28 – Camilo Rocha

Rave Trip 2 (Matraca/Trama – 2000)

Camilo Rocha, além de um excelente jornalista que sempre esteve firme e forte cobrindo a cena eletrônica brasileria, também é um senhor DJ. Seu garimpo foi lançado nesta compilação com o que havia de mais modernoso no trance e no techno. Registro de um momento importantíssimo da evolução da cena eletrônica nacional, com o fortalecimento das raves e festas por todo o país.

Patife Front Patife Back

29 – DJ Patife

Cool steps – Drum’n’bass Grooves (Sambaloco/Trama – 2001)

Parafraseando Carmen Miranda, DJ Patife veio pra mostrar “o que que o drum’n’bass brazuca tem” e como é bonito, cool, cheio de swingue e melodia. A capa e o encarte completam a obra, com todas as músicas resenhadas. Trabalho bonito de se ver, ouvir e ter. Contribuição do selo Trama, que tanto esteve presente na cena.

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30 – Gui Boratto

Chromophobia (Kompakt – 2007)

Chromophobia é house, é techno, é minimal, é orgânico e sintético com maestria. Produtor, músico e compositor, Gui Boratto é orgulho brasileiro que em 2007 dobrou o joelho da cena techno do mundo, com uma bagagem e histórico musical bonito de se ouvir e gostoso de se dançar. A capa do disco faz alusão ao nome do álbum, e em vinil é uma obra de arte que se espalha pelo selos dos discos. Lindo. E finalizo repetindo: obrigatório.