Há 30 anos, Copacabana recebia o maior show gratuito da história
Democracia, dinheiro no bolso e o Tetra: como Rod Stewart foi o cara certo na hora certa no Réveillon de 1995
Tá lá, no site oficial do Guinness Book. O maior show gratuito da história foi realizado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1994. O autor do recorde é Rod Stewart, que não só cantou na virada mais famosa do mundo, como também comandou a contagem regressiva para a chegada de 1995.
Segundo o livro dos recordes, 3,5 milhões de pessoas estiveram na praia de Copacabana naquele dia. Tem gente que fala em mais de quatro milhões, uma marca que até hoje, 30 anos depois, jamais foi batida por outro artista em qualquer lugar do planeta.
Embora Stewart estivesse no auge da carreira naquele ano, dono de hits como Sailing e Do Ya Think I’m Sexy, não se pode atribuir a ele todos os louros para esse tremendo sucesso. O cara estava no lugar certo e na hora certa. O Réveillon de 1995 teve um sabor muito especial para os brasileiros, que celebravam o final da hiperinflação que castigava as classes mais pobres — mais um dos espúrios presentes deixados pelos 20 anos de Ditadura Militar. O país havia sido reentregue à democracia a exatos dez anos antes por João Baptista Figueiredo, ex-chefe do sanguinário Serviço Nacional de Inteligência e ditador em exercício, após intensa pressão popular e falência total de argumentos em favor dos anos de chumbo.
1994 foi, também, o ano do Tetra, quarto título mundial da Seleção Brasileira de Futebol comandada por Carlos Alberto Parreira na Copa dos Estados Unidos. Dinheiro no bolso e Brasil campeão — poxa, era um ano para se comemorar! O clima, portanto, era de pura festa e esperança. Lá estava Rod Stewart e sua banda, esperando por todo mundo em Copacabana, na maior festa de Reveillón de todos os tempos.
O artista fez um set especial com os maiores sucessos da carreira e inaugurou a febre dos grandes shows na mais famosa praia carioca, que ainda receberia nomes como os Rolling Stones, Stevie Wonder e Madonna. Shows gigantescos, mas que jamais conseguiram bater a marca da virada de ano em que os brasileiros celebravam otimismo e o orgulho.