15 loucurinhas sobre os Beatles que você não sabia; exposição sobre a banda de Liverpool abre nesta quarta em SP

Claudio Dirani
Por Claudio Dirani

Difícil assimilar a informação, mas é preciso ser forte. Já se passaram mais de 46 anos desde que os Beatles (1962-1970) encerraram oficialmente suas atividades como grupo. Isso não significa que a gente tenha que parar de surtar com as proezas dos caras! Para marcar a abertura da expo Beatlemania Experience, que estreia nesta quarta (24) em São Paulo, escalamos 15 coisas incríveis/bizarras/louconas sobre o quarteto de Liverpool mais adorado da Planeta.

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ARTEFATO ARQUEOLÓGICO

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Paul McCartney sabiamente disse uma vez que um vaso egípcio já teria um valor monstruoso basicamente “por ser egípcio”. A analogia serve para ilustrar o dinheiro desembolsado para adquirir um acetato de 78 rotações contendo as faixas Hello Little Girl (primeira música de Lennon) e a cover Till There Was You, cantada por McCartney.
O objeto não era egípcio, mas foi um dos responsáveis por garantir contrato dos Beatles com o selo Parlophone, da EMI, comandado em 1962 pelo produtor George Martin. Esta raridade foi adquirida em março de 2016 por cerca de R$ 350 mil num leilão, na Inglaterra.

O PRIMEIRO SITAR NINGUÉM ESQUECE

A primeira – e direta – ligação dos Beatles com a Índia pode ser considerada um grato acidente. Durante as filmagens de Help!, em 1965, George Harrison foi abduzido pela música clássica indiana, durante uma tomada feita em um cenário imitando um restaurante típico (na verdade, um cenário no estúdio Twickenham). Não demorou para ele comprar um modelo básico de sitar (ou cítara) na hoje extinta India Craft, localizada na Oxford Street, em Londres. O primeiro uso do brinquedo seria no clássico Norwegian Wood (This Bird Has Flown).

GEORGE MARTIN & ELETRÔNICA

Nosso saudoso George Martin (1926-2016) começou a carreira ao piano, antes de dominar o oboé. Embora um mestre dos arranjos clássicos (confira em Yesterday e Eleanor Rigby), poucos sabem que o produtor dos Beatles chegou a flertar com a música eletrônica. Pouco assumir a banda, Martin gravou o lado A do single Time Beat, pela BBC Radiophonic Workshop, em parceria com Madalena Fagandini. O disco saiu em 1962, com o pseudônimo de Ray Cathode. Ouça a maravilhosa e moderna Time Beat clicando no link acima.

UMA MAÇÃ CHAMADA ZAPPLE

Quando os Beatles inauguraram sua empresa – a Apple –, o plano era diversificar ao máximo. Uma de suas subsidiárias foi a Zapple – selo criado para lançar artistas de vanguarda. Lennon foi o primeiro a lançar a colagem sonora Unfinished Music n. 2: Life With Lions (com Yoko Ono), seguido por Electronic Sound, de George Harrison (à base do então revolucionário sintetizador Moog). Com a chegada do empresário Allen Klein, o projeto foi dissolvido e outros discos, cancelados. Entre eles, um vinil com leituras poéticas do autor americano Richard Brautigan.

Unfinished Music n. 2: Life With Lions – John Lennon & Yoko Ono

DISCO MALUCO DE NATAL

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Paul sempre gostou de mexer com sons esquisitos e interessantes. No final de 1965, ele usou seu gravador Brenell para produzir acetatos e alegrar o Natal de John, George e Ringo com este presente único: trechos da música Unforgettable, de Nat King Cole, mixados com entrevistas e sketches humorísticos. Nem Paul sabe onde a fita master foi parar. Ou sabe?

EXCLUSIVO PARA PETER SELLERS

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Nascido na Índia, o britânico Peter Sellers era um dos comediantes favoritos dos Beatles. Durante as filmagens de Um Beatle no Paraíso, o (bom) “ator” Ringo deu ao amigo Sellers (conhecido dos brasileiros pelos filmes A Pantera Cor-de-Rosa) um acetato com versões diferentes de faixas do Álbum Branco. Sexy Sadie, por exemplo, aparece com uma parte instrumental mais longa.

RARIDADES QUE VOCÊ PODERÁ NUNCA CURTIR

Quando os Beatles fizeram as pazes “comerciais”, Paul, George e Ringo concordaram em lançar o projeto de arquivos Anthology, originalmente chamado The Long And Winding Road. A série de raridades lançada a partir de 1995 rendeu três CDs duplos. Muita coisa boa ficou de fora dos discos, incluindo estas faixas vetadas por George Harrison: Carnival Of Light, take 1 de Love You To, com George ao violão, sem os instrumentos indianos que aparecem em Revolver, a versão completa de You Know My Name (Look Up The Number), gravada em 1967, lançada em 69, além da demo acústica de Goodbye, cantada por Paul, e gravada pela galesa Mary Hopkin em seu disco de estreia, Postcard (1969).

Mary Hopkin – Goodbye

ENTRE UM BARRACO E OUTRO

Antes mesmo de gravar Abbey Road – penúltimo lançamento da banda – as discussões entre os Beatles já indicavam que o fim estava próximo. Em maio de 1969, eles estavam no Olympic Studios, supervisionando uma sessão de mixagem, quando uma severa discussão sobre finanças deu início a um quebra-pau entre os parceiros. Enquanto os ânimos alcamavam, Paul resolveu aceitar o convite do bluseiro Steve Miller para participar de My Dark Hour, nos backing vocals, além de assumir baixo e bateria. A música está no disco Brave New World, do artista americano. A faixa é uma joia maravilhosa do blues.

STRIP TEASE MÁGICO

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O primeiro projeto dos Beatles após a morte de Brian Esptein foi rodar Magical Mystery Tour – filme psicodélico que acabou maltratado pela crítica (não teve o efeito esperado, já que foi exibido em preto e branco pela TV britânica!). Uma das cenas da produção foi inusitada: o strip tease na casa noturna de Londres, Raymond Revue Bar, ao som de Death Cab For Cutie, do Bonzo Dog Doo-Dah Band (o nome da canção daria origem à banda americana).

Bonzo Dog Doo-Dah Band – Death Cab For Cutie

LENNON OU DALAI LAMA?

Anos após as sessões de Revolver, o produtor George Martin revelou que John Lennon pediu a ele que sua voz soasse de uma forma bizarra: “Como se o Dalai Lama cantasse do alto do monte Everest”. Martin convenceu John a gravar em Abbey Road. Mas, para atingir a sonoridade maluca, convocou o engenheiro Geoff Emerick, que deu a solução: gravar o vocal com o microfone plugado diretamente em uma caixa Leslie, usada para o órgão Hammond. O satisfatório resultado apareceria de forma sinistra em Tomorrow Never Knows, faixa que encerra Revolver. Relembre aqui o resultado.

DEU A LOUCA NO RINGO

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No final de 2015, Ringo Starr resolveu fazer algo inimaginável: leiloar alguns de seus mais valiosos tesouros acumulados como baterista dos Beatles. O montante arrecadado (mais de US$ 10 milhões) foi para a Lotus Foundation, dedicada ao tratamento de doenças, como a paralisia cerebral.
Entre os itens leiloados, destaque para o mítico kit de bateria Ludwig, adquirido pelo dono do time de futebol americano Indianapolis Colts por US$ 2,2 milhões.

OS NOMES QUE NUNCA FORAM

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Os nomes dos discos dos Beatles você já conhece. Mas os nomes que eles poderiam ter tido, talvez não! Logo o primeiro, Please Please Me, seria Off The Beatles Track (sugestão de George Martin, recusada pelos garotos). Apesar de negado, o título acabaria num LP do próprio produtor, com instrumentais das músicas dos Beatles. O álbum/filme Help! quase se chamou Eight Arms To Hold You (inspirada na própria música dos Beatles, Eight Days A Week). Já Revolver teve uma série de títulos provisórios. Entre eles After Geography (uma paródia de Aftermath, dos Rolling Stones); Beatles On Safari, Magic Circle e Abracadabra.

O PRESENTE DE DYLAN

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Não foi apenas a folk music de Bob Dylan que fez a cabeça dos Beatles. Quando o poeta elétrico foi apresentado ao grupo no Hotel Delmonico, em Nova York, no dia 28 de agosto de 1964, ele levou um presentinho especial: alguns cigarrinhos de marijuana. A experiência foi tão surreal que Paul McCartney pediu ao assistente Mal Evans que anotasse tudo em um bloco sobre sua primeira experiência com maconha. Mais tarde, Evans contou que Paul começou a fazer um discurso sobre Os Sete Estágios da vida e da verdade… ficou chapadaço!

DENTISTA ALUCINÓGINO

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Victor Lownes (dir.) com o playboy-mor Hugh Heffner

Victor Lownes era um dentista que atendia um seleto grupo de artistas e personalidades na Londres dos anos 60. Isso seria uma informação sem tanta relevância, caso o britânico não tivesse adicionado um “certo tempero alucinógeno” à música dos Beatles. Certa noite, em 1965, George e John foram jantar no flat do amigo dentista. Além da boa comida, Lownes decidiu despejar “apenas um pouquinho” de LSD nas bebidas dos rapazes e suas respectivas esposas. O resultado foi impactante. George disse que ao entrar no seu carro no caminho para casa, parecia que tudo pegava fogo – e o veículo não saia do lugar. Lennon, por sua vez, começou a fazer desenhos surreais e a escrever a primeira música influenciada por LSD: o clássico Help!.

VIAJANDO EM ABBEY ROAD

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Os Beatles não economizaram em criatividade – e algumas substâncias – quando usaram o estúdio para gravar a obra-prima Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Embora o produtor George Martin soubesse que seus pupilos não eram nada ingênuos, ele não desconfiou quando John Lennon estava em meio a uma viagem “acidental” de LSD durante uma sessão para finalizar a faixa Lovely Rita. Ao invés de tomar uma pílula estimulante, Lennon tomou LSD – e começou a delirar. Paul percebeu o estado do amigo e o levou para tomar ar fresco, sem contar o segredinho para o produtor…
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Beatlemania Experience

De 24/8 a 30/9
Terças, quartas, quintas, sextas, sábados e domingos, das 12h às 21h
Quanto: R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50 (inteira)
Shopping Eldorado
Avenida Rebouças, 3970, Pinheiros, São Paulo, tel. 11-2197-7810
Estação Hebraica – Rebouças (CPTM – Linha 9 Esmeralda)

O jornalista Claudio Dirani é autor dos livros Paul McCartney – Todos os Segredos da Carreira SoloU2: História e Canções Comentadas e Na Rota da BR-U2 – A saga da invasão irlandesa no Brasil.

Claudio Dirani

Claudio D.Dirani é jornalista com mais de 25 anos de palcos e autor de MASTERS: Paul McCartney em discos e canções e Na Rota da BR-U2.