Nossos radares estão atentos a tudo de novo que surge na música eletrônica e alternativa do mundo – e principalmente do Brasil. Noticiar lançamentos é um padrão do jornalismo musical, mas num tempo em que listas condensam o pensamento da hiperinformação da Internet, sempre vale a pena consolidar destaques e, assim, mostrar como o agrupamento de talentos reflete o todo do que vem sendo produzido.
Os dez destaques abaixo passam por DJs, músicos, instrumentistas, performers, cantores e cantoras, jovens e gente já veterana também, talentosos, que não se dobram às dificuldades de fazer música underground, e que também já estão encontrando acolhida na indústria cultural e no mainstream
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LEDAH BRIACHO
Em 2012 ela fez um curso de DJ no Centro de Música e Inclusão de Jovens (CMIJ) e passou a comandar as picapes. Ledah acredita que há um boom de interesse em drags e trans nos últimos anos, mas que ainda assim é difícil estabelecer-se como trans, mesmo entre os LGBTS: “O machismo também impera aí. Quantas DJs mulheres você conhece? Vamos afunilar mais? Quantas DJ trans você conhece? Não pense que foi fácil ter a agenda que tenho hoje, precisei provar dobrado que eu sei o que estou fazendo e que seguro muito bem uma pista cheia”, completa.
JOVEM PALEROSI
Seu trabalho autoral pode ser bem apreciado no orgânico álbum Mouseen, disponível para download gratuito. “A base do disco são de samples de artistas que eu já tinha alguma afinidade. Tenho explorado formas de utilizar vários instrumentos de diferentes fontes para criar novas faixas, muitas vezes são várias músicas de um artista só ou então diferentes artistas misturados. Não tento enquadras as músicas em nenhum gênero específico, é um processo mais empírico”, explica.
FRACTAL MOOD
Ratos de estúdio, de clubes (Henrique já trabalhou no D-Edge) e de pistas cheias, é natural que o Fractal Mood absorva todas as nuances necessárias para alcançarem êxito no metiê techno-minimal-house, e suas produções e sets a partir desse bom momentum devem confirmar a nossa aposta.
SISO
O clipe de “Eclipse” é cheio de personagens misteriosos em recorte com os synths hipnóticos do single, a maior iniciativa pop desse mineiro que já tocou punk rock, folk e MPB. O sabor pop brasil retrô, mas com referências bem modernas também, lembra o som e a ascensão da carioca Mahmundi, que temos perfilado por aqui.
CIGARRA
“Cigarra” resume 3 anos de confecções de música eletrônica psicodélica, brisada e orgânica, toda baseada em samples e numa narrativa de sua vida até a gravidez que mudou tanto as sensibilidades de Ágatha. Ela segue se apresentando com o Jardim Eléctrico, como Cigarra e também na Roda de Sample, em que diversos produtores processam e tocam samples e bases ao vivo.
NUVEN
AYMORÉCO
Eles lançaram já faz alguns meses um EP homônimo, que dá mais pistas do que se trata a banda (Chay não aparece muito, talvez para o foco ser na música mais do que no seu rosto conhecido), que tem turnê prometida para o pr’ximo julho. Diogo Strausz já tocou com Alice Caimmy, outra jovem revelação do pop nacional.
GORILLA BRUTALITY
Alexandre Colchete e Eduardo Colombo estão à frente do projeto há anos, , mas esse é seu primeiro lançamento mais redondo, baseado em samples, sequenciadores, linhas de techno crescentes e progressivas, perfeitas para pistas escuras de clubes e das warehouses intensas que tem rolado em São Paulo. Há também as quebras experimentais, sempre calcadas na percussividade e no non-sense, que vem acompanhado dos discursos dos rapazes. Quem gosta do som do selo Border Community vai apreciar bastante o Gorilla Brutality.
AVA ROCHA
Seu primeiro disco solo, Ava Patrya Yndia Yracema, tem um clipe para cada música, produzido por ela mesma. ““Eu sonhava que o público teria que escutar vendo. Aí desenvolvi um universo visual próprio para cada faixa que entremeava como um filme. Acabou que o disco saiu só musicalmente, mas postei todas as faixas no Youtube”, disse ela à TV Brasil.
Sua música é smooth, descontraída, bem a cara da MPB descolada que rádios e emissoras culturais abraçam sem pestanejar. Lembra de Maysa a Silvia Machete, e o adendo de ser filha de Glauber Rocha e produzir todos seus clipes só justifica o destaque que sua carreira vem tendo.
GEZENDER
Em entrevista à coluna Senóide, de Marco Andreol, ele explica sua persona: “Nem me vejo mais como alguém que se monta para uma performance – Percebo que venho me tornando cada vez mais meu alterego, que é uma forma de expressão da minha música expandida para o campo visual. Acho que o link do pop com a montação surge com esse novo boom das drags, mas o que faço não é drag, é mais uma extensão da música que produzo, que se relaciona à teoria queer, ao questionamento de gênero através da música”.
A sonoridade é ácida, electro, com niilismo techno e glamour electroclash. Ao vivo Gezender aplica todas essas nuances e vem assimilando a vivência na noite paulistana, após uma década em Florianópolis, para desenvolver o seu alter-ego artístico.